domingo, 30 de dezembro de 2007
O ensino de produção textual com base em atividades sociais e gêneros textuais (Désirée Motta-Roth)
O ensaio de Motta-Roth tem por objetivo mostrar as possibilidades de se trabalhar com o conceito de gênero textual para o ensino de produção textual. Para isso, a autora evidencia a estreita relação entre atividades sociais, papéis sociais e linguagem, explicados nas palavras de Meurer (2004, p.137-144), para mostrar que os gêneros textuais são resultado da relação entre esses três elementos. A autora afirma que conceber a linguagem como o recurso que articula a vida social e o sistema da língua implica o conhecimento de determinados pressupostos, pois "ensinar uma língua é ensinar a agir naquela língua". Com base nisso e em razão de os PCNs constituírem-se como guias para a prática da educação brasileira, Motta-Roth passa a analisar como é estruturado o conceito de gênero nesse documento para elaborar a proposta pedagógica de ensino de linguagem. Dessa forma, consegue-se averiguar que, embora a definição de gênero trazida nesse documento seja orientada para a vida social, uma das principais falhas que ainda ocorrem acerca do ensino de linguagem é resultante de uma concepção de gênero equivocada, geralmente confundida com conceitos como tipologia textual. Após tecer breve análise sobre linguagem e gênero textual nos PCNs a autora propõe dois princípios que fazem sentido e que encontram apoio na discussão teórica proposta por autores como Swales & Feak (2004; 2000), Ivanic (1998) e Gale (1996): 1) o ensino de produção textual depende de um realinhamento conceitual da representação do aluno sobre o que é a escrita, para quem se escreve, com que objetivo, de que modo e sobre o quê; e 2) as atividades de produção textual propostas devem ampliar a visão do aluno sobre o que seja um contexto de atuação para si mesmo. Com base nesses dois princípios, a autora cita como exemplo de atividades de produção textual bem sucedidas duas propostas desenvolvidas em Porto Alegre, que "se pautam por uma concepção do escrever como prática social", necessidade esta que é relembrada por ela em suas considerações finais, onde salienta que "ao aprender os gêneros que estruturam um grupo social com uma dada cultura, o aluno aprende maneiras de participar nas ações de uma comunidade" e que descobrir como se faz isso de forma satisfatória em sala de aula parece ser o desafio.
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Um comentário:
Passei pelos blogs para acompanhar as produções de vocês e encontrei as tuas. Elas estão muito boas, Bruna!
Ah, agradeço o retorno que me deste por mail. Agora, a situação está ok.
Bjs,
Tânia
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